A alegria de viver é a chave para a visibilidade

Quando o Mulheres 50 Mais me convidou para escrever sobre a invisibilidade da mulher a partir dos 50, pensei sobre o assunto e a primeira coisa que me veio à mente foi: nunca me senti tão visível como agora.  Estou com 54 anos, viúva há quase dois, com uma filha de 17 e me sentindo melhor do que nunca.

De cara, lembrei dos meus 13 ou 14 anos. Naquele tempo sim, me sentia meio invisível. Não que fosse, mas como boa adolescente, achava que nenhum menino iria se interessar por mim. Era magrela, usava óculos, tinha perna fina e quase não tinha peitos… Até que um dia, um se interessou e tudo mudou. O mundo se abriu, ganhou novas cores, cheiros, sabores.  Por isso, quando penso em invisibilidade hoje, após diversas conquistas, profissionais e pessoais, digo pra mim mesma: invisível… nunca mais!

Minha mãe tem 77 anos e também ficou viúva. Falei com ela sobre o tema e ela me disse: “imagina, eu estou com 77 e me sinto muito visível!” Outro dia, fomos ao shopping. Estávamos numa loja e ela resolveu esperar do lado de fora. Quando saímos, ela contou que um senhor passou e falou: “Ela não anda… ela desfila”. Minha mãe achou que ele estava falando com outra pessoa e olhou para o lado para conferir, quando ele retrucou,  olhando pra ela: “É com você mesma”. Rimos da história e da cantada recebida aos 77.

Conversei com várias amigas e cheguei à conclusão que autoestima é fundamental! E como se conquista esse atributo mágico, que transforma a vida de uma pessoa?  Algumas já nascem com a autoestima em dia. Não sei se é genético, astrológico, hormonal, cerebral. O olhar do pai também é fundamental para a autoestima feminina. Mas quando não se têm isso, uma boa terapia ajuda a superar a questão. Um bom encontro amoroso também levanta a autoestima.  E uma boa autoestima pode ser construída. Mas para isso, é necessário também fazer o dever de casa. Se olhar com olhos menos críticos, deixar de achar que o cabelo ou as pernas da vizinha são mais bonitos que o seu.

Particularmente, o meu inferno astral foi entre os 12 e os 15 anos. Depois disso, resolvi que era hora de ser feliz. Foi realmente uma decisão. E acertada. A partir daí, tudo mudou. Lembro claramente deste momento.  E da decisão que tomei de sorrir pra vida. Logo, os elogios começaram a aparecer.  Sorrir e viver a vida com alegria mudou tudo.

E o que isso tem a ver com a invisibilidade pós 50? Tudo. Porque isso é exatamente o que pode fazer a diferença entre ser visível ou invisível. Se sentir bonita e desejada ou feia e abandonada.  Produtiva e criativa ou acomodada e sem energia. Jovem ou velha.  A felicidade pode ser genética, mas pode também ser uma decisão a ser tomada. E o quanto antes isso acontecer, melhor. A minha decisão foi aos 15 anos, mas a sua pode ser aos 55.

Nunca é tarde para sacudir a poeira e deixar a capa da invisibilidade cair.

Isso pode começar com um corte de cabelo, um vestido novo, uma lingerie ousada ou com o fim de um casamento sem tesão ou a redescoberta da sexualidade com o mesmo parceiro ou parceira. Pode também acontecer, a partir de um bate papo com uma amiga. Há pouco tempo, após uma conversa e um ovo mexido, uma amiga deu uma chacoalhada na vida. O que aconteceu? Ela simplesmente resolveu que era hora de voltar à vida.

Observando as diferentes amigas que tenho, percebo que a maior beleza de uma mulher é a sua alegria de viver. Essa luz que vem de dentro é transformadora e torna as mulheres interessantes diante dos vários olhares.  É claro que nem sempre estamos bem e felizes. Há fases difíceis, que temos que enfrentar e reagir. E essa ajuda pode vir de uma amiga, do companheiro(a), da filha, do terapeuta, do cabeleireiro, de um aplicativo, do mar ou de qualquer coisa que possa nos tirar da inércia e fazer com que queiramos ser felizes.

A vida após os 50 tem momentos delicados. A maioria de nós engorda mais do que o desejável. Às vezes, muito mais. Os hormônios podem transformar a vida num caldeirão, a pele e o cabelo vão enfraquecendo e perdendo o viço e a libido pode entrar numa corda bamba. Aí, você pergunta, e o que essa louca está falando sobre felicidade? Pois bem, não valorize o lado ruim, pois pra tudo pode-se dar um jeito. Os hormônios podem ser equilibrados, há dietas possíveis, tratamentos para pele e cabelo e, para a libido, nada melhor do que usar a imaginação.

Essa fase da vida, traz a sabedoria, a liberdade, a experiência que falta na juventude. E, acreditem, isso faz toda a diferença. Sinceramente, acho que ser visível ou invisível não tem a ver com a chegada da idade. Tem a ver com a disposição que se tem pra vida. Com as escolhas que podemos fazer em qualquer idade. E acredito que a melhor decisão é sempre aquela que nos leva para a felicidade. Em qualquer idade, em qualquer tempo, em qualquer lugar, com qualquer pessoa. O que vale é ser feliz! E aí, amiga, duvido que você fique invisível diante da vida!

Liara Avellar, especial para Mulheres50mais

Liara Avellar, especial para Mulheres50mais

Liara Avellar, é jornalista, tem 54 anos, viúva e tem uma filha de 17. É Coordenadora de Programação das Rádios MEC AM e FM, no Rio de Janeiro, onde trabalha há mais de 30 anos, tendo exercido diversas funções. É debatedora também do Programa Painel da Manhã, na Rádio Roquette-Pinto. Atuou como Coordenadora de Conteúdo do Portal do Voluntário e foi consultora do Projeto Amigos da Escola, na TV Globo. Deu aulas no curso de Radialismo da ECO/UFRJ e na UniverCidade. Atualmente faz o Mestrado Profissional da ECO, em Criação e Produção de Conteúdos Digitais. Adora trabalhar com jovens, viajar, ler, jogar conversa fora com os amigos e amigas. E está sempre em busca de novas experiências pessoais e profissionais.

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